DRIS e CND são alternativas para diagnose nutricional das plantas
Autores: Emanuelle Retzlaff1 & Thiago Ranzan2
Mestre em Ciência do Solo UFPR (Departamento de Solos, Rua dos Funcionários, 1540 – Juvevê, Curitiba – PR, CEP: 80035-050).
2 CEO do FERTILE (Rua Reynaldo Mchado, 291 – Rebouças, Curitiba – PR, CEP: 80215-010).
Com o passar dos anos, técnicas vêm sendo aperfeiçoadas para um melhor entendimento do comportamento químico da relação solo:planta. Diante disso, na década de 30, surgiram as primeiras análises foliares, as quais contribuem com a real interação da planta com o meio em que está cultivada. Porém, métodos para interpretação destes dados vêm sendo criados, levando em consideração a relação direta entre os nutrientes absorvidos pelas plantas, e seu rendimento, sendo estes o DRIS e o CND.
Diagnosis and Recommendation Integrated System (DRIS – Sistema Integrado de Diagnose e Recomendação) foi desenvolvido por Beaufils (1973), é um método de diagnose foliar, utilizando análise de folhas, onde considera as relações bivariadas dos teores de um determinado nutriente com os teores dos outros nutrientes analisados (N/P, P/K, K/Ca, Ca/Mg, etc.), obtendo maior precisão nas interpretações dos resultados devido à inter-relação entre todos os elementos analisados.
O DRIS tem o objetivo de classificar/informar a ordem de limitação dos nutrientes, não só por falta, mas também por excesso dos nutrientes para o crescimento e desenvolvimento das plantas, não levando em consideração a idade ou órgão a ser amostrado. De acordo com Serra et al. (2010), analisando os fatores nutricionais que afetam a produtividade através de índices, por meio de um equilíbrio nutricional padrão, o qual é constituído a partir de uma base de dados, sendo elas denominadas normas DRIS.
O tamanho da base de dados para definição da norma é bastante variável entre os trabalhos publicados. De acordo com Walworth et al. (1988) encontraram que normas desenvolvidas a partir de dez banco de dados foram representativas e eficientes se comparadas com normas provenientes de banco de dados maiores. Entretanto Letzsch & Sumner (1984) observaram que as melhores normas tiveram origem em grandes bases de dados, trabalhando com populações de referência de alta produtividade. Em nível local pequenos bancos de dados são suficientes para fornecer a adequada relação dos nutrientes para atingir o rendimento alvo (Walworth et al., 1988; Khiari et al., 2001).
A definição da população de referência é determinada a partir de uma população total (banco de dados), a qual se divide em duas subpopulações, baixa e alta produtividade. Onde as subpopulações de alta produtividade dão origem as normas DRIS (Beaufils, 1973). Porém não existe um parâmetro o qual determina a escolha da população de referência para o DRIS.
Geralmente a divisão entre as populações de alta e baixa produtividade são determinadas por faixas de acordo com cada cultura (Rocha et al., 2007), porém um dos problemas nesta determinação é que o ponto de corte na divisão das populações de referência é realizada de forma arbitrária (Beaufils, 1973). Segundo Malavolta (2006) sugere o rendimento de 80 % do máximo para separar as duas subpopulações.
O potencial de resposta à adubação é dado pelo valor do índice DRIS, onde quanto menor for o índice (valores abaixo de zero) tendendo ao negativo, haverá deficiência nas plantas e terá mais resposta a adubação, sendo o contrário verdadeiro. Quando o índice tem valor igual a zero indica que o nutriente encontra-se em equilíbrio (Walworth & Sumner, 1987).
O DRIS gera um diagnóstico independente da idade da planta, local, cultivar, solo, clima e período de amostragem (Reis Júnior, 2002). Com o DRIS, é possível saber a ordem de limitação dos nutrientes em uma determinada cultura e se a mesma ocorre pela falta ou excesso. Porém, não permite quantificar a necessidade de nutriente a ser aplicada. A avaliação do DRIS é feita utilizando os macronutrientes em g/kg e os micronutrientes em mg/kg.
As equações onde são calculados os IBNm para o DRIS vieram sofrendo alterações com o passar dos anos, sendo no primeiro uso Beaufils (1973) empregava o uso do coeficiente de variação como dispersor das relações da população de referência para o cálculo dos índices DRIS. Já Jones (1981) propôs apenas uma fórmula para as duas condições de maior e menor, e como estimador da dispersão utilizou o desvio padrão.
A base do cálculo DRIS foi modificado por Walworth et al. (1986), sendo denominado M-DRIS, sendo que além das relações duais, os teores dos nutrientes também são considerados junto com a massa seca.
A modificação de maior relevância foi realizada por Beverly (1987), em que o mesmo acrescentou a utilização do log nas relações positivas e negativas, eliminando assim o grau de achatamento de uma distribuição em relação à curva normal (efeito de curtose) no coeficiente de variação.
Compositional Nutrient Diagnosis (CND – Diagnose da Composição Nutricional), método desenvolvido por Parent & Dafir (1992), baseado no método de análise composicional de Aitchison (1982), assemelha-se ao DRIS em relação aos objetivos, porém relaciona os teores dos nutrientes de forma multivariada, cada uma delas ponderada pela média geométrica da composição nutricional (Serra et al., 2010).
A consistência da interpretação das análises de tecido aumenta à medida que o enfoque univariado (o do nível crítico) é ampliado, de modo a considerar as relações entre nutrientes, dois a dois, ou seja, relações duais (enfoque bivariado) e, assim, progressivamente, as relações ternárias até idealmente abranger, mediante enfoque multivariado, toda a estrutura de variação da composição nutricional (Silva et al., 2005).
Diferentemente do DRIS onde a população de referência é determinada de forma arbitrária, Parent & Dafir (1992) apresentaram que a análise multivariada poderia fornecer meios para diferenciação da população de alta e de baixo rendimento. A partir da derivação da equação de terceiro grau, consegue-se encontrar o ponto de inflexão das curvas, sendo que a diferenciação das populações de alta e baixa produção se dividem junto com a inflexão da mesma, assim chegando a população de referência (Khiari et al., 2001)
A proposta de Parent & Dafir (1992) no uso do CND é a inserção do logaritmo neperiano (ln), que representa o comportamento biológico de melhor maneira se comparado ao log na base 10. VN = ln (teor do nutriente (mg dm-3)/ média geométrica).
Os métodos DRIS e CDN vêm sendo estudados além de espécies frutíferas em diversas culturas, sendo elas soja Urano et al. (2007), eucalipto Silva et al. (2005) algodão Serra et al. (2010).
A escolha das populações de referência para o método DRIS de forma arbitrária, faz com que possíveis recomendações possam ser manipuladas de acordo com determinado interesse, sendo que a forma imparcial de escolha no CND restringe este efeito.
A medida que o enfoque das relações vão sendo aumentadas (univariadas, bivariadas e multivariadas), a consistência dos dados acompanham este aumento, desta maneira o CND apresenta vantagens sobre o DRIS.
LITERATURA CITADA
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